terça-feira, 23 de novembro de 2010

ESCATOLOGIA PRIMITIVA - PARTE 2

Irineu (130 - 220 dC) é um dos mais respeitados pais da Igreja devido sua grande contribuição em combate ao gnosticismo daquele tempo. Ele escreveu uma obra poderosa chamada "Contra Heresias".

Tenho em minhas mãos a 2a. edição deste livro publicada pela Editora Paulus. Ele é bastante rico em informações e nele podemos ter uma idéia muito clara como era a fé da igreja primitiva. O livro é divido em 5 capítulos cujo último trata de escatologia. Citarei agora textos que expressam o que era ensinado na igreja primitiva naquele tempo. Vejamos:

"Uma revelação mais clara ainda acerta dos últimos tempos e dos dez reis, entre os quais será dividido o império que agora domina, foi feita por João, o discípulo do Senhor, no Apocalipse. Explicando o que era os dez chifres vistos por Daniel, refere o que lhe foi dito: 'Os dez chifres que tu viste são dez reis que ainda não receberam o reino, mas que receberão o poder como reis, por uma hora, com a besta. Eles não tem senão um pensamento, o de homenagear a besta com a sua força e o seu poder. Eles combaterão contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis'. Esta claro, portanto, que aquele que deverá vir matará três destes dez reis, que os outros se lhe submeterão e que ele será o oitavo entre eles. Eles destruirão Babilônia, reduzi-la-ão a cinzas, darão o seu reino à besta e perseguirão a Igreja mas, em seguida, serão destruídos pela vinda de nosso Senhor." (Livro V:26,1)

Fica claro no texto acima que a Igreja estará presente na grande tribulação pois os eventos citados se referem a ela e neste período a Igreja será perseguida até que eles sejam destruídos pela vinda do Senhor (isto só pode ser pós-tribulacional).

"É necessário que estes aprendam a conhecer o verdadeiro número do nome se não quiserem ser contados entre os falsos profetas. Conhecendo, pois, com certeza, o número indicado pelas Escrituras, isto é, seiscentos e sessenta e seis, devem primeiro esperar a divisão dos dez reis e depois, quando eles reinarão pensando em aumentar o seu poder e ampliar o seu reino, prestar atenção ao homem que, tendo no nome o número indicado, virá improvisamente reivindicar o reino e a aterrorizar estes reis, a fim de saber que ele é realmente a abominação da desolação... É mais seguro e sem perigo esperar o cumprimento desta profecia do que se entregar a elucubrações e conjecturas sobre nomes, pois é possível encontrar quantidade enorme deles que combinam com este número, e o problema continuará o mesmo, pois, se há muitos nomes com este número, continuará a valer a pergunta de quem será o nome do que deve vir. Com efeito, não é por falta de nomes que tenham o número do nome do Anticristo que falamos assim, mas por temor de Deus e pelo zelo da verdade." (Livro V: 30,2 e 30,3)

Irineu nos orienta acima a esperar o cumprimento da profecia do Anticristo, isto é, a abominação da desolação. Ora, a abominação da desolação foi profetizada por Cristo em Mateus 24. Logo, concluímos que, para Irineu, o alerta da profecia de Cristo era para nós, a Igreja. Logo, a Igreja estará presente no período que a abominação da desolação aparecer.

"Todas estas profecias se referem, sem contestação, à ressurreição dos justos, que se realizará depois do advento do Anticristo e da eliminação de todas as nações submetidas à sua autoridade, quando os justos reinarão sobre a terra, aumentarão pela aparição do Senhor e se acostumarão, por ele, a participar da glória do Pai e, com os santos anjos, participarão da vida, da comunhão e da unidade espirituais, neste reino" (Livro V: 35,1)

O texto acima é muito claro. Para Irineu, a ressurreição dos justos, que reinarão com Cristo, acontecerá depois do advento do Anticristo e depois da eliminação de todas as nações submetidas à sua autoridade. Isto ocorrerá na aparição do Senhor, que é pós-tribulacional.

domingo, 3 de outubro de 2010

O QUE É IGREJA SIMPLES?

Vídeo dividido em 3 partes com o título "O que é Igreja simples?". Vídeo interessante. Seria esta a forma ideal do que deveria ser a Igreja? Não sei dizer exatamente, porém não posso negar que esta forma de ver a Igreja é muito melhor do que templos, títulos e dinheiro, como tem sido vista hoje em dia. Veja e comente.





domingo, 19 de setembro de 2010

Segue abaixo texto de Jesiel Rodrigues na qual é simulado uma entrevista com o apóstolo Paulo. Muito bom.

UMA ENTREVISTA COM PAULO, O APÓSTOLO

No moderno mundo das comunicações, ficamos imaginando como seria a postura dos homens que foram comissionados pelo Senhor Jesus para implantarem Sua Igreja no mundo.

Se, por exemplo, Paulo fosse entrevistado por uma revista evangélica de grande circulação dos dias atuais, o que diria? Não custa nada imaginar... Afinal, temos em mãos muitas cartas que traduzem o que ele pensava e evangelhos que relatam o que o seu Senhor ensinava.

No entanto, propomos a você aprofundar a imaginação. Vamos supor que seja concedido ao jornalista da revista a possibilidade de viajar no tempo e, por alguns dias, viver no primeiro século, voltando à nossa presente época depois dessa inusitada experiência tempo-espacial.

Imaginemos, então, a hipotética entrevista...

REVISTA: Apóstolo Paulo, é um grande prazer entrevistá-lo. Sem dúvidas, essa é a entrevista mais importante que eu já fiz. Afinal, nunca antes alguém conseguiu viajar no tempo!

PAULO: É uma honra estar aqui e poder comunicar-me com as milhares de pessoas que leem esta revista. É uma experiência preciosa falar a elas sobre a Graça de Deus. Tenho aproveitado todos os meios e oportunidades possíveis para pregar o Evangelho e essa revista deve alcançar muitas pessoas. Sobre a questão de viajar no tempo, para Deus nada é impossível. Ele não está limitado às leis da natureza. Tempo e espaço para Ele não são barreiras.

Conheço, inclusive, um homem que foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar (II Coríntios 12:1-4). Acontecimentos de translação de pessoas são conhecidos. Você já tomou conhecimento sobre o que ocorreu com Felipe depois de falar com o eunuco?

REVISTA: Sim, já li sobre isso. Essa narrativa está no livro de Atos... Apóstolo, você se tornou o líder de uma nova forma de viver as questões religiosas, de entender a Graça de Deus. Como se sente a respeito disso?

PAULO: Devo dizer que não são líder. Na verdade, sou um servo do verdadeiro e único líder, Jesus Cristo. Ele é o cabeça da Igreja. Todos nós somos membros com as mais diversas funcionalidades.

REVISTA: Mas, apóstolo Paulo, você não tem se destacado em plantar igrejas em várias cidades e deixar nessas igrejas pessoas que exercem liderança sobre as outras?

PAULO: Antes de responder sua pergunta, tenho notado desde que nos encontramos aqui, mesmo antes do começo da entrevista, que você me trata sempre como "apóstolo". Veja, a palavra "apóstolo" quer dizer apenas "enviado" em grego. É assim que na Igreja são conhecidos aqueles que têm sido comissionados pelo Senhor para plantar novas igrejas em outros lugares. Porém, esse termo não faz parte de nossos nomes nem o consideramos um título.

Nosso Senhor nos ensinou a tratar-nos como irmãos e a dispensar os títulos (Mateus 23:6-11). Tudo o que servir para destacar uns sobre os outros, ou trazer a supremacia de uns sobre os outros, deve ser rejeitado, pois não faz parte do Evangelho ensinado por Jesus.

Um pouco de fermento serve para levedar toda uma massa. Então, começa-se a dar títulos eclesiásticos aos homens, a considerá-los especiais, a considerá-los superiores e mais santos, e, quem sabe, daqui a algum tempo, alguém poderá intitular-se "pai" da Igreja, "arqui" ancião ou até "semi-deus"... O quê?... Ah!... Posso ver em seu semblante e em seus olhos baixos que isso já está ocorrendo em sua época...

É engraçado. Tenho notado que você, antes da entrevista, chamou Jesus simplesmente assim: Jesus. Sem títulos. Por que então eu mereceria um título? Pode me chamar de Paulo mesmo. Eu sou seu irmão em Cristo. Existem irmãos mais maduros e os menos maduros. Os que são mais experientes devem guiar e discipular os menos e todos devem edificar-se mutuamente. Esse é o fundamento do uso dos dons ministeriais. Não é uma hierarquia vertical de liderança humana, mas uma comunhão entre irmãos que se ajudam e edificam mutuamente, segundo o seu grau de maturidade em Cristo.

REVISTA: Desculpe. É que de onde eu venho, os líderes, desculpe, os "servos mais maduros", costumam sempre ser tratados e muitas vezes a exigir ser tratados com esses títulos. Nunca falamos com eles ou sobre eles sem esses títulos. Eles são conhecidos pelos títulos, entende?

O curioso é que pessoas como você, lá no século 21, às vezes são tratadas apenas pelos seus nomes, sabia? Geralmente chamamos Pedro de Pedro, João de João ou Tiago de Tiago. Porém, quando a pessoa está viva, geralmente usa-se essa forma de tratamento...

PAULO: Bem, eu entenderia isso se a Igreja fosse uma instituição humana, onde hierarquias e aparências são importantes e, consequentemente, os títulos também. Mas isso não se aplica ao Corpo de Cristo, que é a Sua Igreja.

O que há na Igreja são dons e ministérios que o Espírito Santo dá a cada um conforme a Sua vontade. Não há cargos nem títulos. Apenas dons e ministérios para edificação mútua, dons e ministérios que nunca devem ser usados para manipulação ou para controle sobre as pessoas, nem para ostentação particular. Quem assim fizer, está fora do Espírito do Evangelho que tenho pregado e sobre o tal o juízo é certo, caso não se arrependa.

REVISTA: Foi bom você mencionar o assunto "Igreja". Estou no século primeiro há alguns dias e não vi diferentes denominações cristãs nem locais com placas sinalizando onde funcionam essas denominações. Por que isso?
PAULO: Denominações? O que significa isso?

REVISTA: Você não sabe? São grupos de irmãos que criam uma instituição, às vezes reconhecida pelo poder público. Esses irmãos adotam um nome para diferenciá-los de outros e corriqueiramente colocam esse nome nos locais onde se reúnem. Geralmente, há diferenças doutrinárias entre as denominações e muitas disputas entre elas. Uma denominação surge quando outra anterior se divide ou quando há contendas entre os irmãos.

PAULO: Isso que você está me relatando deixa meu coração muito triste! E eu pensava que os gálatas eram insensatos... O que pensar disso? Meu Deus! Como vocês chegaram a esse ponto? Como poderão ser perfeitos em unidade, assim como o Filho e o Pai o são? (João 17:21-23)

Alguns anos atrás, escrevi uma carta aos irmãos na cidade de Corinto. Lá havia uma gritante divisão entre os irmãos e eles começaram a colocar em prática isso que você chama de "denominação". Uns diziam ser de Pedro, outros de Apolo, outros meus seguidores e o quarto grupo dizia ser de Cristo. Eu os repreendi no Espírito, mostrando-lhes que Cristo não está dividido e que esses sentimentos sectários se originam da carne.

Eu não consigo entender isso que você me narrou. Várias organizações com placas diferentes e muitas vezes concorrendo entre si... Só me resta repetir aos irmãos que lerão essa entrevista as palavras que escrevi à Igreja em Corinto (I Coríntios 3:1-23). Que o Senhor tenha misericórdia e os guie ao pleno entendimento do Evangelho. A contenda entre os irmãos e a divisão do Corpo são coisas abomináveis ao Senhor!

REVISTA: Mas, os tempos mudaram apóstolo, digo, irmão Paulo. No século IV começou a surgir uma grande institucionalização da Igreja. Naquele tempo, a Igreja começou a relacionar-se com o poder político e religioso do corrompido Império Romano e surgiu a primeira denominação, chamada Igreja Católica Romana, a qual assumiu a supremacia sobre as demais. A Igreja passou depois a ser considerada a religião oficial do Império. A partir daquela época, paulatinamente, o modo como vocês vivem hoje a sua fé, sem denominações e grandes estruturas, se perdeu, dando origem às práticas que a maioria das igrejas adotou.

No século XVI, um homem que leu suas palavras escritas aos irmãos em Roma, "o justo viverá da fé" (Romanos 1:17), se levantou contra tais práticas errôneas e tentou reformar essa igreja romana, se opondo a vários desvios que ela havia adquirido ao longo dos anos. Isso deu origem a um movimento chamado "protestantismo".

Apesar desse movimento, muitas práticas diferentes das que vocês usam aqui no século I foram mantidas, como a necessidade de um nome para denominar a reunião dos irmãos em Cristo, a construção de imponentes templos, a prática contínua de conluios com o poder político, o apego religioso às liturgias, a necessidade de pompa e grandes estruturas, de homens especias (clero) e de dias especiais.

PAULO: O Senhor nos revelou há uns anos que haveria uma grande apostasia e iniquidade. Eu, inclusive, lembrei isso numa carta que escrevi aos irmãos em Tessalônica (II Tessalonicenses 2:3). Quando me despedi dos anciões de Éfeso, senti do Espírito Santo dizer-lhes que, depois da minha partida, lobos devoradores surgiriam na Igreja (Atos 20:29). Também escrevi, sob a direção do Espírito Santo, recentemente a Timóteo sobre essa questão (I Timóteo 4:1). Agora vejo como isso se cumprirá...

Por que vocês não conseguem viver na simplicidade que vivemos o Evangelho? No partir do pão na casa dos irmãos, na comunhão constante, sem o domínio de uns pelos outros, mas reconhecendo os diversos ministérios pessoais e dons que o Espírito Santo dá àqueles que pertencem a Cristo para edificação da própria Igreja? Foi com base nesses princípios comunitários que o Senhor Jesus viveu durante mais de tres anos com os Seus discípulos na Palestina. Por que vocês não podem viver isso?

REVISTA: Olhe Paulo, creio que não é tão simples assim. Desculpe a sinceridade, mas creio que isso é uma utopia para o século 21. As coisas mudaram. Hoje, as cidades são megalópoles, com vários milhões de habitantes. As pessoas já não têm mais comunhão umas com as outras em seus lares como antes. As formas de relacionamento mudaram muito e as pessoas ficam cada vez mais centradas em si mesmas. Precisamos de templos para abrigar milhares de pessoas, vindas de lugares distintos.

Elas reservam um dia ou dois na semana para, durante alguns minutos, ter comunhão com os irmãos. Porém, sempre é algo muito rápido, pois a vida é bastante corrida. Não dá para aprofundar-se muito em conhecer os outros irmãos, sabe? Além disso, muitos vão aos templos apenas para satisfazer suas necessidades pessoais, porque assim são ensinados. Esse modelo que você vive aqui no século I seria, creio, inviável com o estilo de vida das pessoas no século 21!

PAULO: Não entendo por que você diz "precisamos" de templos. Na verdade vocês não precisam de templos, mas de comunhão, pois vocês mesmos são os templos (I Coríntios 6:19). Nada contra ter um local mais amplo para reunir um grande número de irmãos. Eu, inclusive, há alguns anos, tive que alugar um local mais amplo por algum tempo numa cidade, para comportar o número de pessoas que iriam ouvir sobre o Evangelho naquela ocasião.

Porém, o grande problema que vejo, através do que você tem me relatado sobre o futuro, é que a tendência natural do homem é assumir uma relação religiosa com o templo, nos moldes que as religiões têm com os seus templos, considerando-os "lugares sagrados" e inculcando nos fiéis que aquele lugar é mais especial e consagrado que o nosso lar, a rua, o campo, a montanha, uma praça pública ou uma praia. Esse princípio não faz parte da Nova Aliança que o Senhor nos deixou. A Igreja não é o local físico, mas a reunião dos irmãos em Cristo. Não podemos fazer acepção de lugares para pregar e viver o Evangelho. Até mesmo nas sinagogas dos judeus, assim como o Senhor fazia, eu tenho pregado quando me dão essa chance, pois lá existem pessoas que necessitam ser evangelizadas e conhecer a Graça de Deus.

Não existe um "modelo" de Igreja. O que existe é uma vida, sendo vivida a cada instante de forma orgânica.

REVISTA: É... Faz sentido... Contra fatos não há argumentos. Mas, e o templo em Jerusalém? Ele não foi mostrado por Deus e frequentado pelo próprio Senhor?

PAULO: O Templo em Jerusalém é uma sombra do que estava reservado a nós na Nova Aliança. O véu que separava o santíssimo lugar do resto do templo foi rasgado e isso significa que hoje nós temos comunhão com o Pai através de Jesus Cristo. Como já disse, o templo somos nós, onde Deus habita. Não um templo feito por mãos humanas, mas pelo próprio Deus. Você se lembra do que Jesus disse à mulher samaritana? Adorar a Deus em Espírito e em Verdade (João 4:19-24).

O Senhor profetizou que esse templo será destruído (Nota: O Templo realmente foi destruído alguns meses após esta imaginária entrevista). Aquilo que é corruptível foi substituído pelo que é incorruptível. As pedras físicas foram substituídas pelas pedras espirituais. O irmão Pedro tem ensinado que nós somos pedras espirituais, edificados em Cristo e que nesse templo os verdadeiros sacrifícios devem ser feitos (I Pedro 2:5).

REVISTA: Sinceramente, fica um pouco difícil entender isso aplicado à nossa época. Como fica, por exemplo, o controle da parte administrativa da igreja, a manutenção dos trabalhos, a ação social, a doutrina, a prática dos ministérios, a santa ceia, batismo, e tantas outras coisas? Não vejo como realizar tudo isso sem a presença de uma instituição ou denominação, com um corpo eclesiástico bem definido.

Isso que você propõe, até pode ser possível aqui no século I, quando a Igreja apenas está começando sua caminhada, mas você não crê que geraria uma grande desordem no século 21? As ovelhas não ficariam sem pastor, sem um local de referência aonde ir?

PAULO: Não entendo essa ânsia de controle organizacional humano que você está relatando. A Igreja é de Cristo e quem a controla é o Espírito Santo. É o Espírito Santo quem dá o crescimento à Igreja e levanta aqueles que Ele quer nos diferentes ministérios pessoais dentro da Igreja (Efésios 4:11, I Coríntios 12:1-31). Literalmente, quem toma as decisões na Igreja é o próprio Cristo e tudo o que for acordado dentro da Igreja deve ser feito com a participação de todos os que estiverem presentes, como um Corpo.

Também não entendi sobre a questão da manutenção dos trabalhos e da ação social. Você sugere que é necessária uma instituição para gerenciar isso? Por que seria necessária uma instituição para levar minha oferta a quem precisa dela? Para levar o meu pão a quem está faminto? A que "manutenção" você se refere se não há estruturas físicas a serem mantidas, mas sim pessoas a serem ajudadas?

Veja como é simples. Se temos comunhão uns com os outros, saberemos as reais necessidades uns dos outros e assim teremos a ocasião de ofertar de forma amorosa e voluntária. Se algum pregador ou pastor não estiver trabalhando, teremos a ocasião de ofertar na vida dele. Se um irmão estiver desempregado, ofertaremos e não o deixaremos passar por necessidades. As viúvas e os órfãos serão acolhidos por nós em nossas casas. Não podemos terceirizar na Igreja aquilo que nós devemos fazer como pedras vivas.

Por que é necessária uma instituição para celebrar a ceia, se a ceia é o partir do pão e o beber o vinho quando nos reunimos com os irmãos para fazer nossas refeições todos juntos, lembrando o sacrifício de Cristo? Por que precisaríamos de uma instituição para batizar pessoas, se o Senhor já autorizou os membros de Sua Igreja a irem por todo o mundo, pregando e batizando e ensinando aquilo que Ele compartilhou conosco?

Porém, se não houver comunhão sincera entre os irmãos, então a presença de uma instituição que "gerencie" as ações da Igreja parece fazer sentido...

REVISTA: Mas, nem todas as pessoas estão maduras para isso. Nem todas têm esse grau de maturidade para viver o Evangelho nesses padrões. Muitas pessoas precisam de ajuda espiritual e um local onde sentir-se acolhidas.

PAULO: Sim, é por isso que a comunhão na Igreja deve ser constante. Os mais maduros devem guiar os menos, para que esses, por sua vez, se tornem maduros também. Tenho ensinado isso em todo os locais. Inclusive, escrevi a Timóteo sobre essa dinâmica espiritual (I Timóteo 2:1-2). Isso não depende das estratégias humanas nem do controle de homens, mas unicamente do Espírito Santo. Pode parecer fácil, diante das complicações e acréscimos que você tem me relatado. Porém, creia, não é. Ser Igreja significa renunciar a si mesmo e viver para Cristo. É não colocar a responsabilidade da Obra numa organização ou em outras pessoas, mas agir pessoalmente, como servo.

A Igreja não deve se conformar com as práticas religiosas deste mundo, onde um pequeno número de pessoas "especiais" fica toda a vida intermediando entre a deidade e as pessoas e onde essas pessoas são mantidas num constante estágio de imaturidade e infantilidade, para que os homens especais não corram o risco de perderem suas posições...

Esse não é o Espírito do Evangelho! O Evangelho de Cristo nos traz crescimento e maturidade, para pregar e ensinar o Evangelho a toda criatura. Nós temos a mente de Cristo e quem é de Cristo pode discernir bem todas as coisas. Todos deveriam ser ensinados e estimulados a viver nesse constante processo de crescimento e maturidade. Isso não quer dizer viver fora da comunhão com os irmãos, mas, pelo contrário, expressar de forma mais salutar e edificante para os outros essa comunhão, que independe de lugar e de instituição. Porém, o mais importante na vida da Igreja é a comuhão com o Senhor e entre os irmãos. Nunca, em hipótese alguma, devemos deixar de congregar com nossos irmãos. É preferível permanecer naquilo que você chama de "denominação" do que ficar sem congregar.

REVISTA: Agora que você está falando sobre isso, me vêm à memória que nos últimos tempos, lá no século 21, há um considerável movimento de irmãos se reunindo nos lares. É isso que vocês fazem, não é?

PAULO: Não se trata de reunir-se nos lares ou em templos. Se trata de comunhão. Não tem a ver com locais, mas com entendimento do que verdadeiramente é Igreja. Se alguém tiver o lar como um "lugar especial" também estará incorrendo no mesmo erro de quem considera um templo como lugar especial...

Não estou falando sobre formas, mas sobre essência. Se alguém transferir esse institucionalismo que você fala ou a divisão entre o Corpo que você mencionou para as reuniões nos lares, de nada vai adiantar. Haverá apenas uma transferência física das mesmas práticas.

Se trata de comunhão. Ter comunhão permanente e sincera com os irmãos. Se trata de ser Igreja em qualquer lugar ou ocasião, de exercer nossos dons ministeriais e espirituais onde quer que estejamos. A Igreja somos nós. Se essa convicção não vier de dentro do coração, através do Espísito que em nós habita, de nada valerá e não passará de um mero modismo passageiro.

REVISTA: Bom, vamos mudar um pouco de assunto... Vejo que vocês enfrentam muitas perseguições. Você está preso aqui em Roma. Dizem alguns que sua execução está próxima... Em nossa época, a Igreja tem sofrido muitos embates do poder público. Porém, nos países em que ela não tem uma representatividade institucional, parece que a perseguição é mais cruel e muitos irmãos são perseguidos e morrem. Por isso, temos nos levantado para conscientizar o povo cristão a instituirmos representantes oficiais nos altos escalões do governo e no poder legislativo. Assim, a Igreja ficará longe dessas perseguições e poderá crescer, conquistando territórios e poder.

PAULO: Deixe ver se entendi. Você diz que a Igreja precisa de representantes políticos para mantê-la afastada daquilo que o próprio Senhor revelou e tem nos revelado que viria sobre a Igreja?

O que temos aprendido de Cristo é que todo aquele que quer viver a Verdade do Evangelho sofrerá perseguições e poderá perder a própria vida (II Timóteo 3:12). O Mestre disse que o servo não é maior que o seu senhor (João 15:20). Por isso, não consigo entender essa aversão que você demonstra à perseguição. Temos visto em nossos dias que, enquanto mais perseguida é a Igreja, mais ela cresce. Aqui em Roma já temos milhares de irmãos, apesar da perseguição de Nero.

Muito menos, entendo o fato da Igreja ter oficialmente representantes políticos. Devemos orar pelas autoridades e obedecê-las até o ponto em que elas não se coloquem contra a Verdade (Romanos 13:1-4, Atos 5:29). Se algum irmão tem pretensões de assumir individualmente um cargo público, que ore ao Senhor e faça conforme a vontade Dele. Porém, a Igreja não tem nada a ver com o poder temporário deste mundo e não deve envolver-se nos processos políticos humanos. O Senhor Jesus jamais nos ensinou a buscar isso nem a manter relações de interesses com o poder imperial. Ele sempre ensinou que o nosso reino não é este que o mundo oferece. Nossa esperança não é a solução política dos problemas, mas nossa bem-aventurada esperança é a volta Dele para instaurar o Seu reino (Tito 2:11-13).

Pelo que você está narrando desde o começo, grande parte da apostasia na Igreja se deve a essa relação maligna entre o poder político humano e a Igreja. O pecado não será combatido através de leis nem de autoridades humanas. Apenas o Evangelho tem esse poder de transformar vidas e práticas. A lei não tem poder de dominar os impulsos pecaminosos da carne (Gálatas 5:16).

Então, como diz o irmão Pedro, quem estiver sofrendo perseguições, que se alegre no Senhor por isso (I Pedro 4:13-19). Toda vez que o servo do Senhor é perseguido pelo poder institucional neste mundo, é um bom sinal de que ele está no rumo certo (Mateus 5:10-11).

REVISTA: Ainda bem que estaremos livres da grande perseguição do anticristo...

PAULO: Como?

REVISTA: Estou falando sobre o arrebatamento, que você tão maravilhosamente narrou em sua primeira carta aos irmãos em Tessalônica. Seremos arrebatados para não enfrentar a grande tribulação e isso pode ocorrer a qualquer momento, num "abrir e fechar de olhos"!

PAULO: Arrebatamento para não enfrentar a tribulação? Mas eu não ensino isso! Quando escrevi aos irmãos em Tessalônica, deixei bem claro para eles que a vinda do Senhor Jesus seria um momento maravilhoso para derrotar o anticristo e dar-nos alívio definitivo da tribulação (II Tessalonicenses 1:7-10). Numa carta anterior, descrevi para eles o que ocorrerá no arrebatamento (I Tessalonicenses 4:16-17). No entanto, apenas lembrei a eles o que o Senhor tinha ensinado alguns anos atrás aos irmãos no Monte das Oliveiras (Mateus 24:30-31).

Tempos depois, apareceram nas regiões próximas a Tessalônica e na Ásia Menor pessoas ensinando a respeito da vinda de Jesus como algo que ocorreria a qualquer momento. Então, eu lhes escrevi para que não fossem enganados, ensinando-lhes que a volta do Senhor e nosso encontro com Ele não se dariam antes da apostasia e da revelação do anticristo. Eu me baseei nas palavras do Senhor, o qual profetizou que haveria aumento da iniquidade, esfriamento do amor ágape por parte de muitos (Igreja) e que aconteceria a abominação desoladora no lugar santo, que será a revelação do anticristo (Mateus 24:12-15).

Sobre o "abrir e fechar de olhos", essa foi uma revelação que o Senhor me deu. Eu me refiro à glorificação, que é a transformação de nossos corpos corruptíveis em corpos incorruptíveis. Isso ocorrerá num átimo de segundos, muito rápido, num abrir e fechar de olhos. Eu escrevi sobre isso aos irmãos em Corinto e não estava falando do arrebatamento em si, mas da glorificação corpórea que ocorrerá como parte da vinda de Cristo (I Coríntios 15:50-52).

REVISTA: Então a Igreja estará aqui no período tribulacional, onde muitos serão perseguidos e mortos de forma cruel???

PAULO: Não vejo o motivo para sua surpresa... Olhe para o meu corpo, para as marcas que trago. Olhe em volta. Vá um dia desses ao circo romano e veja o que Nero está fazendo com os nossos irmãos. Se informe sobre os irmãos que ele está queimando vivos em seu jardim, como se fossem tochas. Reflita sobre o que me espera. Eu sinto que o fim da minha carreira está próximo, muito próximo. Nada disso deve surpreender-nos, pois assim o Senhor já nos mostrou. Aquilo que fizeram com Ele, poderão fazer conosco também (João 15:20).

Fico preocupado com esse novo ensinamento que penetrou no seio da Igreja em seus dias. Quando isso começou a ser ensinado? Tal doutrina pode deixar muitos irmãos despreparados e desinformados sobre os acontecimentos que virão sobre o mundo...

REVISTA: É irmão Paulo... Em vista de tudo isso, creio que precisamos de uma nova reforma!

PAULO: Creio que "reforma" não seria a palavra mais apropriada. Veja o que muitos irmãos querem fazer hoje. Eles querem fazer uma "reforma" na religião judaica para adaptá-la à mensagem do Evangelho de Cristo. Eu tenho me levantado contra isso e tenho sido perseguido em praticamente todas as cidades por esses judaizantes.

A Graça de Deus é muito mais abrangente do que uma religião. Às vezes, é difícil entender e viver isso. Até o nosso irmão Pedro, em certa ocasião, teve dificuldades em viver isso e eu o repreendi amorosamente em Cristo (Gálatas 2:11-16). Como ensinou o Senhor, não se pode colocar um remendo novo numa roupa velha, num um vinho novo num velho odre (Lucas 5:36-39).

O processo de "reforma" que você mencionou, pelo que apreendi das entrelinhas de suas palavras, só fez trazer melhoras pontuais. Porém, a essência de muitas práticas e a mentalidade religiosa continuou mesmo após a reforma mencionada por você. Isso ocorre porque as coisas espirituais só podem ser discernidas espiritualmente (I Coríntios 2:14). Não adianta levantar teses, expor ideias, se não houver uma consciência criada pelo próprio Espírito da Verdade no coração de cada um.

Sinto que as organizações humanas que você chama de "denominações", apesar de não estarem de acordo com a reta compreensão do que é comunhão e unidade do Corpo, têm sido permitidas pelo Senhor para que Seu Evangelho seja pregado. O Amor e a Graça de Deus são incalculáveis e nós não podemos limitá-los. Porém, devemos crescer constantemente na Graça e no Conhecimento, esquecendo-nos das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prosseguindo para o alvo... (Filipenses 3:14).

Creio que o que vocês precisam é de uma restauração que nasça do Espírito. Não um modismo, posto que os modismos perecem.

REVISTA: Que o Espírito Santo nos guie a toda a Verdade! Que possamos não apenas viver partes dessa Verdade, mas vivê-la em toda a sua plenitude. Sinto que fui edificado e a partir de agora estou disposto a viver essa comunhão com todos os meus irmãos em Cristo. Sem barreiras religiosas e humanas.

PAULO: Eu agradeço pela sua presença aqui comigo. Fui edificado por você também. Saber que a Igreja, apesar das apostasias, tem permanecido durante séculos, me traz alegria no Senhor. Ele sempre levantará Seus servos em cada geração para trazer a Verdade eterna. O Espírito que está comigo é o mesmo eternamente. Foi muito bom participar deste culto a Deus com você.

REVISTA: Culto? Não entendi... Apenas somos nós dois aqui nesta cela de prisão. Não houve uma liturgia. Não houve louvores e pregação da Palavra. Por que você disse culto?

PAULO: Não estivemos aqui em nome de Jesus? Não somos Seus discípulos e Seu Espírito não habita em nós onde quer que estivermos? Certa feita, Ele disse que onde quer que dois ou três se reunissem em Seu Nome, ali Ele estaria!

Tenho observado algo nas cidades por onde tenho andado pregando as boas novas... As pessoas separam suas vidas pessoais da vida religiosa. É comum ver as pessoas falando, conversando nas ruas antes de entrar nos templos das deidades. Porém, quando entram, assumem uma postura totalmente nova. É como se fossem outras pessoas. As palavras mudam e se tornam mais solenes. Os semblantes também, tornando-se mais contritos. Os gestos são outros...

É como se elas pensassem assim: Vou viver minha vida e separar alguns minutos da semana ou do mês para apaziguar a deidade, através de algumas liturgias, ofertas e orações... Se minha oferta for grande, pode ser até que a deidade me abençoe... Se for mais vezes, terei mais graças da divindade... Essa é uma prática que tenho observado nos templos pagãos nas cidades pelas quais tenho passado.

O Evangelho de Cristo nos propõe algo radicalmente oposto. A mensagem de Cristo é centrada numa comunhão íntima e contínua com Ele, independente do lugar e da ocasião. Não é um jogo de interesses, mas uma relação de amor. Pelo que você tem me relatado, muitos na Igreja têm entrado por um caminho pagão de relacionamento com Deus. Que o Senhor lhes abra os olhos espirituais para que possam discernir a Verdade.

Nossas vidas devem ser um culto constante ao Senhor, pois o templo somos nós e o Sacerdote é o próprio Senhor.

REVISTA: Amém! Espero algum dia voltar ao século 21 e publicar esta entrevista. Espero que os que a lerem possam meditar sobre o que foi dito aqui.

PAULO: A graça e a paz do Senhor sejam com todos vocês. A volta do Senhor está próxima.

Obs: Cremos que essa entrevista, se fosse real, seria censurada na maior parte das revistas denominadas "cristãs", pois feriria enormes interesses. Talvez fosse censurada na revista do hipótético entrevistador. Como não temos interesses humanos e institucionais a preservar, decidimos postá-la aqui, mesmo sendo imaginária...

Maranata,
Jesiel Rodrigues
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ESCATOLOGIA PRIMITIVA - PARTE 1

Cheguei a falar aqui no blog que a fé da igreja primitiva era pós-tribulacional. Além dos ensinamentos dos apóstolos na Bíblia, muitos outros documentos comprovam que, praticamente em sua totalidade, a Igreja acreditava que passaria pela Grande Tribulação e que, ao fim deste período tenebroso, o Senhor voltaria. Tanto é verdade que é fato comprovado na história que os cristãos chegaram a associar a figura de Nero, Domiciliano, e outros imperadores romanos, como sendo o anticristo profetizado que perseguiria a Igreja. Porque estes cristão associavam o imperador ao anticristo se eles supostamente criam que seriam arrebatados antes da Grande Tribulação. Ou será que eles não criam nessa possibilidade? É fato que não há registro algum do ensinamento pré-tribulacionista na Igreja Primitiva. Entretanto, há uma variedade grande de documentos históricos comprovando a fé pós-tribulacional da Igreja nos primeiros séculos. São escritos que datam aproximadamente do ano 80 d.C. até meados de 300 d.C., talvez um pouco mais. Alguns que escreveram conheceram discípulos dos apóstolos. Por exemplo, Irineu que terá citações mais tarde aqui no blog) foi discípulo de Policarpo que, por sua vez, foi discípulo do apóstolo João.
É claro que estes documentos não tem a palavra final de fé, pois esta se encontra nas Escrituras. Porém, saber no que nossos primeiros irmãos criam, nos ajuda a identificar entender a sã doutrina ensinada pelos apóstolos que ainda fervilhava nas mentes dos cristãos. É preciso entender que, naquele tempo, não havia a globalização de hoje, e que os ensinamentos eram repassados de geração a geração de forma oral e escrita. Logo, o fato da esmagadora maioria dos cristãos crerem que passariam pela Grande Tribulação, e da unidade de ensinamento deles ser tão grande, só evidencia que este era o ensinamento repassado pelos apóstolos, pois o discipulado era muito forte naquele período.

É verdade também que os primeiros cristãos não foram unâmines em todos os assuntos. Nem poderia ser. Porém, lendo seus escritos, podemos perceber uma união forte nos pontos principais da fé. E quando se trata da vinda de Cristo e da nossa reunião com Ele, praticamente todos falam à uma só voz: "Na segunda vinda de Cristo, gloriosa, após o reino do anticristo, no fim da grande tribulação, a Igreja será arrebatada ao encontro com Cristo nos ares, e reinará com Ele".

Nesta primeira parte irei reproduzir alguns trechos do livro "Tratado sobre Cristo e o Anticristo" de Hipólito de Roma (170? - 235 d.C). Este livro foi escrito aproximadamente em 200 d.C.

Não há, até o momento, edição em português desta obra e, portanto, recorri à tradução de Aldení de Lima Duarte.

No trecho abaixo vemos que, para Hipólito, o anticristo perseguirá os santos, que são aqueles que reinarão com Cristo:
Mas como o tempo nos força a considerarmos de imediato a questão proposta, e quanto ao que já foi dito na introdução em relação a glória de Deus, que seja suficiente, é conveniente que tomemos as próprias Escrituras na mão, e por elas achemos o que significa e de que maneira se dará a vinda do anticristo; em que ocasião e em que tempo este ímpio se revelará; de onde e de qual tribo ele sairá; qual o seu nome; o que indica o seu número nas Escrituras; como ele obrará o erro entre os povos, reunindo-os dos confins da terra; como desencadeará a tribulação e a perseguição contra os santos; como vai se auto glorificar como Deus; qual será seu fim; como o repentino aparecimento do Senhor se mostrará no céu; como será a consumação do mundo e o que deve ser o reino glorioso e celeste dos santos, quando reinarem juntos com Cristo, e qual a punição do malvado pelo fogo. - Capítulo 5

Agora Hipólito explica o que ele entende sobre as duas vindas de Cristo. A primeira, sem glória e na carne. A segunda, gloriosa, com o exército de anjos:
Quanto as duas vindas de nosso Senhor e Salvador que estão indicadas nas Escrituras, uma sendo a sua primeira vinda na carne, aconteceu sem honra por ter sido considerado como alguém sem valor, como disse Isaias: ‘Ele não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair nossos olhos, nem formosura capaz de nos deleitar. Era desprezado e abandonado pelos homens, um homem sujeito a dor, familiarizado com a enfermidade, como uma pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado, ninguém fazia caso nenhum dele’. Mas a sua segunda vinda é anunciada como gloriosa, quando Ele virá do céu com o exercito de anjos, e a glória de Seu Pai, como disse o profeta: ‘Os teus olhos contemplarão o rei na sua glória’ ; e ‘notei, vindo sobre as nuvens do céu, um como o Filho do Homem. Ele adiantou-se até o Ancião de dias e foi introduzido em sua presença. A ele foi outorgado o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é um império eterno que jamais passará e seu reino jamais será destruído’ - Capítulo 44

Abaixo ele explica sobre o aparecimento da besta (o anticristo). Também fala novamente da perseguição que a besta realizará contra os santos, em comparação ao que Antíoco Epifânio fez com os judeus:
A Besta que sai da terra significa o reino do anticristo; ‘os dois chifres’ representa ele e o falso profeta após ele. Quando fala dos ‘chifres como cordeiro’ significa que ele se fará parecer como o Filho de Deus e se apresentará como um rei. As palavras ‘falava como um dragão’, quer dizer que é um enganador e não verdadeiro. As palavras ‘Toda a autoridade da primeira Besta, ele a exercia diante desta. E ela faz com que a terra e seus habitantes adorem a primeira Besta, cuja ferida mortal tinha sido curada’, significa que, o anticristo regerá e governará segundo a maneira da lei de Augusto, por quem o Império Romano foi estabelecido, sancionando tudo por ela e tomando toda a glória para si. Esta é a Besta cuja cabeça foi ferida e curada novamente, pois sendo totalmente desfeito ou mesmo desonrado e dividido em quatro coroas, o anticristo irá depois curar a sua ferida, como que, restaurando-o. De fato, é isso o que o profeta quer dizer quando afirma que ‘foi lhe dado, até mesmo, infundir espírito à imagem da Besta, de modo que a imagem pudesse falar’. Ele agirá com o mesmo vigor novamente e se fará forte por causa das leis por ele estabelecida, causando a morte de todos aqueles que se recusarão a adorar a imagem da Besta. Neste momento aparecerá a fé e a paciência dos santos, pois ele diz ‘faz também com que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, recebam uma marca na mão direita ou na fronte, para que ninguém possa comprar ou vender se não tiver a marca, o nome da Besta ou o número de seu nome’. Sendo cheio de engano, e elevando-se contra os servos de Deus com o desejo de afligi-los e persegui-los pelo mundo por não darem glória a ele, ordenará que todos ofereçam incenso em todos os lugares, de maneira que, a ninguém dentre os santos será possível comprar ou vender sem que primeiro sacrifiquem; este é o significado da marca recebida na mão direita. E a frase ‘na fronte’ indica que todos são coroados, uma coroa de fogo, não de vida, mas de morte. Dessa mesma maneira fez Antíoco Epifânio, rei da Síria, descendente de Alexandre da Macedônia, contra os judeus. Ele também, na exaltação de seu coração publicou o seguinte decreto naquela época: ‘Todos deverão construir santuários em suas portas e sacrificar, e que todos devem marcharem procissão em honra a Dionísio, acenado com grinaldas de hera’. Os que se recusavam a obedecer eram levados a morte por estrangulamento e tortura. Porém, ele teve a sua recompensa devida das mãos do Senhor, o Justo Juiz e Deus onisciente, pois ele morreu comido de bichos. Se alguém quiser inteirar-se mais profundamente sobre isto, encontrará registrado nos livros dos Macabeus. - Capítulo 49

Abaixo Hipólito afirma que a Igreja será perseguida pelo anticristo:
Sobre a tribulação da perseguição que deve cair sobre a Igreja por parte do adversário, João também assim fala: ‘E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. E estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz.(...). E o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho. E deu à luz um filho, um varão que há de reger todas as nações com vara de ferro; e o seu filho foi arrebatado para Deus e para seu trono. E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias.(...) E quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o varão. E foram dadas a mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente. E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que, pela corrente a fizesse arrebatar. E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca. E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo’
Pela ‘mulher vestida de sol’ ele tinha em vista a Igreja, vestida com a palavra do Pai, cujo brilho está acima do sol. E pela ‘lua debaixo de seus pés’, referiu-se ao fato dela está adornada como a lua, com a glória celeste. As palavras ‘uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça’ referem-se aos doze apóstolos por quem a Igreja foi fundada. E quanto as palavras ‘estava grávida, e com dores de parto, e gritava com ânsias de dar à luz’ , significam que a Igreja não cessará de dar a luz de seu coração ao Verbo que é perseguido pelos descrentes do mundo. ‘E deu à luz, ele diz, um filho, um varão que há de reger todas as nações’, o que significa que a Igreja sempre dá a luz a Cristo, o perfeito varão de Deus, que é declarado ser Deus e homem, que se torna o instrutor de todas as nações. E as palavras ‘e o seu filho foi arrebatado para Deus e para seu trono’, significa que aquele que sempre nasce dela é um rei celestial e não terrestre, assim como Davi também declarou no Antigo Testamento quando disse: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor, senta-te a minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés’ . ‘E quando, ele continua, o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o varão. E foram dadas a mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente’. Isto se refere aos mil trezentos e sessenta dias (a metade da semana) durante a qual o tirano deve reinar e perseguir a Igreja que escapa de cidade em cidade e busca esconderijo nos desertos entre os montes, possuindo nenhuma outra defesa senão as duas asas de uma grande águia, que significa, a fé em Cristo Jesus, que estendendo suas mãos sobre esta árvore sagrada, abrindo as duas asas, a esquerda e a direita, chama todos os que nele acreditaram, cobrindo-os como uma galinha e seus pintinhos. Pois pela boca de Malaquias ele diz: ‘Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça e salvação trará debaixo das suas asas’
- Capítulo 60 e 61


Aqui Hipólito estabelece a sequência dos seguintes acontecimentos: 1- A ultima semana de Daniel dividida em duas partes; 2- A abominação da desolação; 3- os dois profetas (duas testemunhas); 4- o mundo se aproximando de sua consumação; 5- Após tudo isso, ele afirma, resta a vinda do Senhor que aguardamos com esperança. Ele também interpreta textos que falam da vinda como um relâmpago como sendo a vinda gloriosa para juízo do mundo:
Estando para acontecer estas coisas, amado, e estando uma semana dividida em duas partes, a abominação da desolação sendo então manifesta, os dois profetas e precursores tendo encerrado sua missão, e ao mundo inteiro se aproximando da consumação, o que resta a não ser a vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo do céu, de onde aguardamos com esperança? Ele é aquele que trará a conflagração e o juízo sobre todos os que recusaram nele crer. Pois o Senhor diz: ‘Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima’ . ‘Porque assim como um relâmpago que sai do Oriente e se mostra no Ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem. Pois onde estiver a cadáver, aí se ajuntarão as águias’ . A queda ocorreu no paraíso, pois Adão lá caiu. E outra vez nos é dito: ‘E o Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles ajuntarão seus escolhidos dos quatro cantos do céu’ . E Davi, anunciando também profeticamente o juízo da segunda vinda do Senhor, diz: ‘A sua saída e desde a extremidade do céu, e o seu curso, até a sua outra extremidade: e ninguém se esconderá de seu furor’ . Por furor, quer significar a conflagração. Isaías assim fala: ‘Vem, povo meu, entra nos teus quartos e fecha as tuas portas; esconde-te só por um momento, até que passa a indignação do Senhor’ . Da mesma forma Paulo também diz: ‘Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça’ - Capítulo 64

E por fim, Hipólito trata da ressurreição dos juntos, que reinarão com Cristo. Seria o momento ideal dele separar a ressurreição da Igreja (antes da Grande Tribulação para os pré-tribulacionistas), e a ressurreição dos mártires da Grande Tribulação (depois da Grande Tribulação para os pré-tribulacionistas). Entretanto, ele não faz isso e parece igualar a ressurreição no dia da vinda gloriosa à ressurreição dos justos.
Além disso, com relação a ressurreição e o reino dos santos, Daniel diz: ‘E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para a vergonha e desprezo eterno’ . Isaias diz: ‘Os mortos ressuscitarão, e aqueles que estão nas sepulturas despertarão, porque o teu orvalho é cura para eles’ . O Senhor diz: ‘Naquele dia, muitos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que ouvirem viverão’ . E o profeta diz: ‘Desperta, tu que dormes, levanta-te da morte e Cristo te dará luz’ . Também João diz: ‘Bem aventurado é aquele que tomar parte na primeira ressurreição, na qual a segunda morte não tem poder’ . Pois a segunda morte é o lago de fogo que arde. E de novo o Senhor diz: ‘Então os justos brilharão como o sol em sua glória’ . Aos santos ele dirá: ‘Vinde, benditos de meu Pai, herdar o reino preparado para vós desde a fundação do mundo’ . Mas e aos maus, o que dirá: ‘Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos que o meu Pai preparou’ . João diz: ‘Fora estão os cães, os feiticeiros, os que se prostituem, os homicidas, os idólatras e todos que praticam e amam a mentira, pois sua parte é no inferno de fogo’ . E da mesma forma Isaias diz: ‘E sairão e verão os cadáveres dos homens que transgrediram contra mim. E o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará, e serão um horror para toda a carne’
Ainda com relação a ressurreição dos justos, Paulo assim escreve aos Tessalonicenses: ‘Não quero que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais que não têm esperança. Porque se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os trará com Ele. Pois isso dizemos pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Pois o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz da trombeta de Deus, e os mortos em Cristo ressurgirão primeiro. Depois, nós que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens para encontrar o Senhor nos ares; e assim estaremos sempre com o Senhor.
- Capítulo 65 e 66

Este é o fim da primeira parte de "Escatologia Primitiva". Espero que todos tenham gostado.

Fernando Alves de Lima Jr.
A IGREJA PERSEGUIDA

Segue abaixo exemplos de fé e de amor a Cristo. Nós, cristãos brasileiros, estamos a léguas de distância destes irmãos. Será que podemos dizer que amamos a Cristo como estes? Infelizmente heresias encobertas têm sido propagadas em nossa nação. A teologia da prosperidade, da saúde perfeita do crente, e muitos outros. Estes falsos ensinamentos, aliados a uma escatologia covarde, que nos ensina a fugir da tribulação com o rabo entre as pernas, produz crentes com sua fé edificada na areia, acomodados a sua vida cristã medíocre.

Veja os vídeos e pense sobre eles.



sábado, 18 de setembro de 2010

CANAL MATEUS 24

Encontrei um canal de vídeos no youtube que fala sobre o pós-tribulacionismo. Achei muito bom e gostaria de compartilhar. Excelente!!








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terça-feira, 7 de setembro de 2010


A APOSTASIA DOS ÚLTIMOS TEMPOS



O que esta acontecendo com os evangélicos?? Sinceramente, é lamentável.


















Seria esta a apostasia (ou o início dela) citada na Biblia?

2Coríntios 11: 13-15 “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras”

2Pedro 2:1-3 "E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.
E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita."

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O ARREBATAMENTO NÃO VEIO!!

Interessante vídeo sobre a presença de cristãos na Grande Tribulação:

ESTUDOS DE GUINO IAFRANCESCO

Estudo em áudio, dividido em 2 partes, tratando do arrebatamento na ótica pós-tribulacional. Na parte 1 é respondido vários questionamentos dos participantes e na parte 2 acontece um estudo com alguns quesionamentos no final. Parece ser muito bom:

http://www.4shared.com/dir/6408469/967c2be/Sobre_o_Arrebatamento.html


Há também vários estudos sobre o livro do Apocalipse inteiro:

De 1:1 a 2:17
http://www.4shared.com/file/38295126/410b5539/Apocalipse_1_1__a__2_17_-_Gino.html
De 2:18 a 4:11
http://www.4shared.com/file/38295655/920c84c1/Apocalipse_2_18_a_4_11_-_Gino.html
De 5:1 a 9:14
http://www.4shared.com/file/38296110/91f00c21/Apocalipse_5_1__a_9_14_-_Gino.html
De 9:15 a 11:19
http://www.4shared.com/file/38296346/660893f/Apocalipse_9_15__a__11_19_-_Gino.html
De 12:1 a 14:20
http://www.4shared.com/file/38297074/79b962ec/Apocalipse_12_1__a__14_20_-_Gino.html
De 15:1 a 19:4
http://www.4shared.com/file/38297727/9888d196/Apocalipse_15_1__a_19_4_-_Gino.html
De 19:5 a 22:21
http://www.4shared.com/file/38294516/d593c943/Apocalipse_19_5_a_22_21_-_Gino.html

Nestes estudos sobre o Apocalipse há uns poucos pontos em que discordo do respeitado pastor. Mas a maior parte do estudo é muito boa.

Escutem e comentem.

O DIA DO SENHOR

Por Fernando Alves de Lima Jr.

As Escrituras têm muito a dizer com relação ao Dia do Senhor. Mas me parece que tem sido mal interpretado os textos que tratam deste terrível (ou maravilhoso) momento escatológico. Acompanhem o meu pensamento a respeito deste assunto.

1 Tessalonicenses 5:1-6 MAS, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva; Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios.

O Dia do Senhor virá como um ladrão na noite, é o que o texto acima nos ensina. O apóstolo esta escrevendo que acerca de tempos não há necessidade de escrever pois eles sabiam que o Dia do Senhor virá como um ladrão. Esta idéia de vir como um ladrão na noite é a de que aqueles que não estiverem vigiando serão pegos de surpresa, mas esse dia não pegará de surpresa os que estiverem na luz e vigiando (versos 4-6). Logo, a Igreja espera a vinda deste dia pois, de outra forma, não faria sentido o apóstolo dizer que este dia não os surpreenderão visto que estão na luz, e não nas trevas, como aqueles que serão surpreendidos.

Apocalipse 3:3 Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.

O alerta do texto acima é para a Igreja. Veja que ele virá como um ladrão se não vigiarmos. Bem, até aqui tudo bem mas quando chegará o Dia do Senhor?

Mateus 24:37-44 E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem. Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro; Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis.

O Senhor Jesus informa que a vinda do Dia do Senhor nada mais é que o dia em que ele levará um e deixará outro.(versos 40 e 41). Esses dois versículos geralmente é interpretado como uma descrição do arrebatamento. Independente disso, o texto é um alerta para que a Igreja vigie. Em 1 Tessalonicenses 5:1-6 Paulo fala que a vinda do Dia do Senhor pegaria muitos de surpresa mas não os de Cristo pois estarão vigiando. Em Apocalipse 3:3, segundo texto que mostrei acima, o próprio Senhor nos informa que se não vigiarmos seremos pegos de surpresa. Agora, Em Mateus 24:37-44 vemos que, assim como foi nos dias de Noé em que o povo vivia suas vidas em total descaso aos sinais do juízo, assim também seria nos dias da vinda de Cristo, mas aqueles que vigiarem estarão preparados. Logo, é muito claro nos textos que a vinda do Dia do Senhor se dará no dia da vinda do Senhor e arrebatamento da Igreja, pois de outra forma não faria sentido Paulo e o Senhor nos exortar a vigiar para que não sejamos surpreendidos pela vinda desse Dia.

Por isso que os pré-tribulacionistas, como não aceitam de forma alguma que o arrebatamento aconteça depois da Grande Tribulação, interpretam esse Dia do Senhor como sendo o período da Grande Tribulação. Interpretando desta forma, é possível entender com uma mente pré-tribulacional os textos citados acima. Mas será que há embasamento bíblico para isso? Vejamos: A expressão "Dia do Senhor" não é apenas encontrada no NT. Aliás, sua origem esta no VT.

Isaías 2:12-17 Porque o dia do SENHOR dos Exércitos será contra todo o soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido; E contra todos os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã; E contra todos os montes altos, e contra todos os outeiros elevados; E contra toda a torre alta, e contra todo o muro fortificado; E contra todos os navios de Társis, e contra todas as pinturas desejáveis. E a arrogância do homem será humilhada, e a sua altivez se abaterá, e só o SENHOR será exaltado naquele dia.

O Dia do Senhor é o dia na qual toda arrogância humana será destruída e nesse dia só o Senhor será exaltado. Interessante notar que o texto não abre espaço para adoração a outro ser que não seja o Senhor. Ora, somente o Senhor será exaltado na Grande Tribulação? Ou não será nela que a besta será adorada e a apostasia será generalizada na terra? Mas vamos continuar o texto de Isaías:

Isaías 2:19-21 Então os homens entrarão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, do terror do SENHOR, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a terra. Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram para diante deles se prostrarem. E entrarão nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas, por causa do terror do SENHOR, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para abalar terrivelmente a terra.

Nesse dia, conforme o texto, os homens fugirão da glória da majestade do Senhor e se esconderão nas cavernas e nas covas assombrados diante da presença do Senhor.

Isaías 13:9-12 Eis que vem o dia do SENHOR, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação, e dela destruir os pecadores. Porque as estrelas dos céus e as suas constelações não darão a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não resplandecerá com a sua luz. E visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniqüidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos. Farei que o homem seja mais precioso do que o ouro puro, e mais raro do que o ouro fino de Ofir.

Interessante a ligação que Isaías faz do Dia do Senhor a sinais no céu. O sol escurecerá, e lua e as estrelas não darão sua luz. Agora veja esse texto e compare com os dois últimos textos de Isaías que mostrei:

Apocalipse 6:12-17 E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue; E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?

Se compararmos esse texto de Apocalipse com os textos de Isaídas somos levados a concluir que o dia da Vinda gloriosa do Senhor Jesus é o Dia do Senhor, o dia de sua ira. Leia mais estes textos:

Joel 2:31 O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR.

Esse texto de Joel é reafirmado por Pedro (Atos 2:20). Veja que os sinais no sol, lua e estrelas antecedem o Dia do Senhor. Ou seja, primeiro aparece os sinais, e só depois virá o Dia do Senhor. Agora vejamos o nosso próprio Senhor falando sobre o mesmo assunto:

Mateus 24:29-31 E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.

É impressionante como as profecias, tanto no VT como no NT, se encaixam perfeitamente!! O Senhor foi muito claro!! Se os sinais no céu (sol, lua e estrelas) antecedem o Dia do Senhor mas sucedem a Grande Tribulação (depois da aflição daqueles dias), então é muito claro que o Dia do Senhor NÃO É a Grande Tribulação pois é evidente nos textos aqui apresentados que esse Dia virá depois da Grande Tribulação. O Dia do Senhor virá com a vinda gloriosa de Cristo pós-tribulacional. E é nesse exato momento que acontece o arrebatamento dos escolhidos, dos santos do Senhor!!! Repare que o ajuntamento dos escolhidos acontecerá nos céus!! Em qual outro texto encontramos a vinda do Senhor, a presença angelical, a trombeta e o ajuntamento de escolhidos nos ares?

1 Tessalonicenses 4:16-17
Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.

Não há na Bíblia dois versículos tão similares como estes dois. É muito claro que se tratam do mesmo evento. Veja:

1 TESS 4 - Porque o mesmo Senhor descerá do céu
MATEUS 24 - Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem

1 TESS 4 - com alarido, e com voz de arcanjo
MATEUS 24 - E ele enviará os seus anjos

1 TESS 4 - e com a trombeta de Deus
MATEUS 24 - com rijo clamor de trombeta

1 TESS 4 - Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares
MATEUS 24 - E verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu... ele enviará os seus anjos ... os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus

Existem mais textos que comprovam que o Dia do Senhor só virá após a Grande Tribulação.

Joel 3:11-15 Ajuntai-vos, e vinde, todos os gentios em redor, e congregai-vos. Ó SENHOR, faze descer ali os teus fortes; Suscitem-se os gentios, e subam ao vale de Jeosafá; pois ali me assentarei para julgar todos os gentios em redor. Lançai a foice, porque já está madura a seara; vinde, descei, porque o lagar está cheio, e os vasos dos lagares transbordam, porque a sua malícia é grande. Multidões, multidões no vale da decisão; porque o dia do SENHOR está perto, no vale da decisão. O sol e a lua enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor.

Aqui o Dia do Senhor esta associado ao dia em que o Ele se assentará para julgar os gentios (Mateus 25:31-32). Esta associado também ao dia da ceifa na qual o lagar estará cheio. É associado também a multidões de gentios congregados em um vale chamado de vale de Jeosafá, ou, da decisão. Agora façam a comparação com os textos de Apocalipse:

Apocalipse 14:14-20 E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante ao Filho do homem, que tinha sobre a sua cabeça uma coroa de ouro, e na sua mão uma foice aguda. E outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice, e sega; a hora de segar te é vinda, porque já a seara da terra está madura. E aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu a sua foice à terra, e a terra foi segada. E saiu do templo, que está no céu, outro anjo, o qual também tinha uma foice aguda. E saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo, e clamou com grande voz ao que tinha a foice aguda, dizendo: Lança a tua foice aguda, e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as suas uvas estão maduras. E o anjo lançou a sua foice à terra e vindimou as uvas da vinha da terra, e atirou-as no grande lagar da ira de Deus. E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios.

Apocalipse 16:13-16 E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs. Porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis da terra e de todo o mundo, para os congregar para a batalha, naquele grande dia do Deus Todo-Poderoso. Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas. E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom.

O vale na qual os gentios serão congregados para uma batalha chama-se vale do Armagedom (o mesmo vale de Jeosafá). Todos esse eventos, a ceifa e a batalha do Armagedom, são eventos que acontecerão ao fim da Grande Tribulação. Interessante que em plena Grande Tribulação, com a presença ativa do falso profeta e a besta, e na iminência da batalha do Armagedom, ainda se clama que o Senhor Jesus virá como um ladrão. Mas a vinda como um ladrão já não deveria ter acontecido anos antes do evento em contexto?? Isso deixa ainda mais claro que o Dia do Senhor, aquele que não pegará a Igreja de surpresa por estar vigiando aqui na terra, só pode acontecer depois da Grande Tribulação.

Além disso, é nesse contexto de final da Grande Tribulação, de falso profeta, de anticristo e de batalha do Armagedom, que é anunciada a chegada das bodas do Cordeiro:

Apocalipse 19:7-15 Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus. E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia. E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo. E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso.

É somente nesse momento que é anunciada que é vinda as bodas do Cordeiro, e não antes da Grande Tribulação.

Diante de todas essas evidências bíblicas concluímos é impossível que o Dia do Senhor inclua o período da Grande Tribulação pois é muito claro que ele só pode acontecer depois da Grande Tribulação e não antes. Tendo agora essa visão totalmente bíblica do que vem a ser o Dia do Senhor vamos reler o texto de Tessalonicenses e Mateus observando com atenção os textos grifados.

1 Tessalonicenses 5:1-6 MAS, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva; Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios.

Pense comigo. Porque Paulo diria que não seremos surpreendidos pelo Dia do Senhor já que estamos vigiando se tivesse uma mentalidade pré-tribulacionista? Levando em conta que ele não pode se contradizer com o ensinamento bíblico sobre o Dia do Senhor.

Mateus 24:37-44 E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem. Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro; Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e deixada outra. Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis.

Continuemos pensando: Porque o Senhor Jesus, ao comparar sua vinda como a de uma ladrão na noite, exortaria a sua Igreja a vigiar, inclusive citando o arrebatamento, se essa vinda como um ladrão é sua vinda gloriosa depois da Grande Tribulação? A não ser que, para o nosso Senhor, o arrebatamento não seja antes da Grande Tribulação... pense nisso.

Ainda com essas evidências em mente leia:

2 Pedro 3:1-14: AMADOS, escrevo-vos agora esta segunda carta, em ambas as quais desperto com exortação o vosso ânimo sincero; Para que vos lembreis das palavras que primeiramente foram ditas pelos santos profetas, e do nosso mandamento, como apóstolos do Senhor e Salvador. Sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências, E dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Eles voluntariamente ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus, e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste. Pelas quais coisas pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio, Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como tesouro, e se guardam para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios. Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra, e as obras que nela há, se queimarão. Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato, e piedade, Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz.

Mais uma vez vemos que a vinda do Senhor é igualada a Vinda do Dia do Senhor (ou de Deus) como um ladrão na noite. Nesse dia, como diz o texto, os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão. E nesse texto somos exortados a viver de modo santo e piedoso, aguardando a vinda desse dia, o Dia do Senhor na qual os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão. Esse Dia também é chamado de dia de juízo e da perdição dos homens ímpios:

2 Tessalonicenses 1:4-10 De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas perseguições e aflições que suportais; Prova clara do justo juízo de Deus, para que sejais havidos por dignos do reino de Deus, pelo qual também padeceis; Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam, E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, Como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós).

Nesse texto acima Paulo é muito claro sobre esse Dia. Ele começa falando das tribulações que os tessalonicenses sofriam. Depois ele diz que um dia Deus dará em paga tribulação aos que os atribulavam e descanso a toda a Igreja de Cristo ("descanso conosco"). É somente neste dia que Deus dará o definitivo alívio à Igreja de todas as suas tribulações. Quando será esse dia? Segundo Paulo, quando o Senhor Jesus se manifestar com os anjos de seu poder e como labareda de fogo que toma vingança de todos os ímpios. Ora, quando isso vai acontecer? Antes ou depois da Grande Tribulação? É evidente que acontecerá depois. Logo, a Igreja terá o definitivo alívio das suas tribulações depois da Grande Tribulação e não antes dela. Então o arrebatamento só pode acontecer depois da GT pois senão esse alívio aconteceria antes e não em um evento claramente pós-tribulacional.

Além disso, no texto Paulo afirma que neste Dia, em que Jesus vier para condenação dos ímpios, ele será glorificado nos seus santos e, neste Dia, se fará admirável em todos os que crêem. Mais uma vez deixando claro a presença da Igreja aqui.

Pensem nesses argumentos acima citados e comentem.

Deus abençoe a todos!!

Fernando A. Lima Jr.

Arrebatamento Pós-Tribulacionista: Uma Exegese De 2 Tessalonicenses 2:1-3

Por Pr. Zwinglio Rodrigues

O debate escatológico sobre se o arrebatamento da Igreja se dará antes, no meio ou depois da Grande Tribulação, tem rendido muita reflexão teológica por parte dos exegetas. Muitas linhas têm sido escritas e muitos discursos têm sido propalados, principalmente quando há uma polarização das teorias pré e pós-tribulacionistas.

Os proponentes das três teorias indicam possuir fundamentos escriturísticos para posicionarem-se como posicionam-se. Contudo, parece-me que nessa dialética, o argumento pós-tribulacionista é o que melhor calça-se, escrituristicamente falando. Evidentemente, não buscarei demonstrar isso aqui de maneira exaustiva. Porém, analisando mais detidamente 2 Tessalonicenses 2:1-3, desejo expor um indicativo cristalino da maior consistência que envolve a tese pós-tribulacionista.

Antes de procedermos a exegese do texto, faz-se necessário informar que a segunda epístola paulina endereçada aos crentes de Tessalônica teve como propósito aclarar questões concernentes à segunda vinda de Cristo. Como haviam alguns crentes que estavam distorcendo os ensinos sobre o assunto, transmitidos na primeira epístola, o apóstolo viu-se forçado a ajustar as coisas doutrinando-os pela instrumentalidade de uma nova epístola.

Russel Champlin supõe que alguns dos crentes daquela comunidade poderiam está afirmando que Cristo já teria retornado, ao passo que outros teimavam por enfatizar em demasia a sua iminência. Independente de quais erros escatológicos estivessem em circulação naquela comunidade, o fato é que aqueles crentes estavam sendo perturbados por uma confusão doutrinal que precisava ser corrigida.
No capítulo 2:1-3, Paulo inicia sua ação pedagógica com vistas a deixar claro que Cristo ainda não tinha vindo e que a Sua vinda deveria ser precedida por alguns eventos. Ele diz:

“Irmãos, no que diz respeito a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos…” (v 1).

Nesse verso, encontramos o uso da palavra grega parousia que é traduzida por vinda, chegada. Rienecker e Rogers dizem que ela “era usada como um termo semi-técnico [...] para a aparição de um deus”[1].

Originalmente, parousia era uma palavra de uso secular que fora incorporada pela Igreja para, tecnicamente, indicar, no Novo Testamento, a Segunda Vinda de Cristo.

Indicando como um evento cocomitante à parousia, o teólogo de Tarso faz menção ao arrebatamento da Igreja ao usar a expressão “e à nossa reunião com ele”. No texto grego, encontramos o uso da palavra episunagoge que traduzida significa encontro, reunião, assembléia [2].

Observando o paralelismo de passagens, é possível notarmos que não há, nem por inferência, uma sugestão paulina de diferenciação entre o rapto da Igreja apresentado em 1 Tessalonicenses 4 e a parousia abordada no texto que ora analisamos. Ou seja, a idéia pré-tribulacionista de duas fases da Segunda Vinda de Cristo – a primeira para o arrebatamento e a segunda para o acerto de contas com as nações ímpias – parece não estar presente no pensamento paulino.

Paulo diz mais:

“[...] a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, que por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o dia do Senhor” (v 2).

Como já foi dito anteriormente, havia uma celeuma doutrinária no interior da comunidade quanto ao assunto em foco. Objetivando ordenar as coisas, o apóstolo é enfático no redirecionamento da maneira daqueles crentes pensar. Ele diz: “não vos demovais da vossa mente”. A palavra grega usada aqui é saleuo que significa abalar, mover-se para lá e para cá, titubear[3] e, mover, chacoalhar, perturbar[4].

O uso dessa palavra no texto indica-nos o estado presente da comunidade local e não a possibilidade dela vir a ficar assim. As coisas não iam bem ali. O estrago não era definitivo, mas era grande e, assaz ameaçador.

Chamando-os ao equilíbrio mental, com vistas à estabilidade subjetiva e congregacional, Paulo continua pondo a casa em ordem afirmando que dele nada procedera indicando que “tenha chegado o dia do Senhor”. Para alguns, o Senhor já tinha vindo e eles tinham ficado de fora do arrebatamento. A palavra chegado, no grego, é enesthken, o indicativo perfeito de enistemi que traz o sentido de estar presente, ter vindo [5]. Leon L. Morris também diz que “a palavra pode ser traduzida por está agora presente”[6].

Isso é o que se imaginava. Esse era o ambiente local.
No processo de ir sedimentando a paz e a correção doutrinal, o apóstolo fala de dois eventos que necessariamente hão de anteceder a parousia e que, obviamente, na compreensão escatológica dele, ainda não tinham ocorrido. Ele diz:

“Ninguém de nenhum modo vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição” (v 3).

Não há dúvidas que para Paulo, o Segundo Advento de Cristo não se dará sem ser precedido pela apostasia e pela revelação do homem da iniqüidade (o Anticristo). Em Mateus 24:12, 15, encontramos também esse ensino declarado.

A palavra apostasia, segundo Ernest Best, I. Howard Marshall, e A. L. Moore[7] significa, no grego, queda, caída, rebelião, revolta.

A apostasia descrita aqui e em Mateus 24:12 indicada pela expressão “o amor se esfriará de quase todos”, refere-se a um acontecimento do tempo do fim e, portanto, jamais visto (1Tm 4:1-2; 2Tm 3:1-5). Suas características serão a universalidade (dentro e fora da Igreja), a intensificação da iniqüidade e uma profunda e radical malignidade.

Alguns intérpretes pré-tribulacionistas têm sugerido que a palavra apostasia aponta para uma saída da Igreja do mundo via arrebatamento. É evidente que essa compreensão é estranha ao uso comum de tal vocábulo no Novo Testamento.

Posterior à apostasia daqueles dias, há ainda, precedendo o retorno do Messias, um outro evento por acontecer: trata-se da manifestação do Anticristo.

Paulo usa dois hebraísmos para descrever o caráter desse homem: homem da iniqüidade e filho da perdição. A palavra usada no grego para iniqüidade é anomia que “descreve a condição de quem vive de modo contrário à lei”[8]. Já o vocábulo grego usado para perdição é apoleia que indica “aquele que está destinado a ser destruído” [9]. Ele é denominado filho da perdição por causa desse seu destino de ruína, mas, também, não foge a uma boa interpretação, compreendermos, mesmo que secundariamente, que ele levará muitos consigo ao fim que o aguarda. Ambas designações demonstram que o espírito no qual o Anticristo atuará é “segundo a eficácia de satanás” (v 9).

O contexto escatológico no qual o “abominável da desolação” (Mt 24:15) iniciará a implementação do seu reinado terrenal é o da Grande Tribulação (ambos estão entranhavelmente conectados). É nesse período que ele levantará uma perseguição contra os santos (a Igreja) do Senhor jamais experimentada (Ap 7:9, 11:7, 13:7, 10, 14:12, 15:3, 16:6, 17:6, 18:24).

Paulo, nos versículos 6 e 7, fala de um ”restringidor” que impede a revelação do Anticristo. Quem ou o que seria esse restringidor é razão de uma disputa grande entre os intérpretes. Para os teóricos do pré-tribulacionismo, é a presença do Espírito Santo na vida da Igreja que não permite que o homem da iniqüidade se manifeste. Com o arrebatamento da Igreja, o Espírito Santo seria removido e isso daria ao Anticristo, a oportunidade de se mostrar ao mundo e iniciar o seu reinado de ilegalidades. Henry Clarence Thiessen, um pré-tribulacionista, referindo-se a Scofield, Grant, Lincoln, Gray e Ottman[10], diz que estes também “afirmam que o que detém é o Espírito Santo, e que ele será afastado quando Cristo voltar para os Seus.”

Para Russel Shedd porém,

“Não existe apoio no Novo Testamento para esta sugestão. Parece até insustentável à luz duma comparação entre duas afirmações nas Epístolas aos Tessalonicenses. A primeira indica que haverá crentes até a chegada do Senhor na parousia. Paulo inclui a si mesmo entre os salvos que esperam a vinda de Cristo: “nós os vivos, os que ficarmos até a vinda (parousia) do Senhor” (1Ts 4;15), com 2Ts 2:8 que diz que o iníquo “será destruído pela manifestação da sua (Cristo) vinda (parousia)”. Nós, os vivos, (membros da Igreja na terra), ficaremos até o Anticristo ser afastado do poder [...]“[11].

Champlin esboça a seguinte compreensão sobre a possibilidade desse restringidor ser o Espírito Santo:

“Devemos também meditar na possibilidade que ainda que o Espírito Santo seja aludido, poderia ele remover o poder restringidor do Anticristo, sem que isso significasse que ele teria de deixar sozinha a Igreja de Cristo; e esta poderia ser protegida das perseguições até àquele ponto escolhido pela soberana vontade divina”[12].

Diante do raciocínio de Shedd, que descansa em um paralelismo bíblico livre de suspeições interpretativas, fica difícil, senão impossível, sustentar a opinião pré-tribulacionista. No caso de Champlin, mesmo admitindo a possibilidade desse restringidor ser o Espírito Santo, ele não trabalha com o raciocínio pré-tribulacionista que intenta remover a Igreja do tempo da Grande Tribulação.

Um outro problema da maneira da doutrina pré-tribulacionista conceber a parousia de Cristo, é que ela implica na invenção de dois estágios da segunda vinda de Cristo: o primeiro, nos ares, para arrebatar a Igreja e o segundo à terra para trazer juízo. Sobre esse assunto, Berkhof diz:

“Felizmente, alguns premilenistas não concordam com esta doutrina de uma dupla Segunda Vinda de Cristo, e se referem a ela dizendo que é uma novidade sem fundamento”[13].

Seguindo à mesma linha de raciocínio, Grudem diz:

“O Novo Testamento não parece justificar a idéia de duas voltas distintas de Cristo [...] Mais uma vez, tal posição não é ensinada de maneira explícita em nenhuma passagem, sendo uma simples inferência baseada em diferenças entre várias passagens que descrevem a volta de Cristo a partir de perspectivas distintas.”[14]

Bom, voltando à questão do restringidor, o que se pode dizer com segurança é que ele poder ser o Espírito Santo, mas não como “aquele” (v 7 – o gênero é masculino no grego) que sairá da terra com a Igreja em um evento que fraciona a parousia de maneira indevida com implicações antibíblicas.

Concluindo, penso que foi possível deixar claro que o texto de 2 Tessalonicense 2:1-3 nos informa que a nossa reunião com Cristo (arrebatamento) não se dará sem que a apostasia e o surgimento do homem da iniqüidade aconteçam. Também vimos que o período em que o Anticristo será conhecido chama-se de Grande Tribulação. Na junção desses tópicos escatológicos, compreendemos que 2 Tessalonicenses 2:1-3 é uma referência objetiva que favorece a teoria pós-tribulacionista. Optar pelo pré-tribulacionismo, é optar por ser contrário a essa Escritura e as que se seguem: Mt 24:22; Lc 21:36; 1Tm 4:1-3; 2Tm 3:1-5; Ap 7:14. Todavia, penso ser necessário, a despeito do posicionamento defendido aqui, que o debate e os estudos sobre a temática deva continuar.

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[1] RIENECKER, Fritz, ROGER, Cleon: Chave Lingüística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 442.
[2] idem, p. 450.
[3] CHAMPLIN, Russel Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo. São Paulo: Millenium, vol. 5, 1985 p. 239.
[4] Walter Bauer, W.F. Arndt, Dnker e Zabatiero Gingrich em Rienecker e Rogers, p. 450.
[5] Champlin, p. 240.
[6] em Rienecker e Rogers, p. 450.
[7] idem.
[8] George Milligan, idem.
[9] A. L. Moore e Ernest Best, idem.
[10] THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. São Paulo: Regular, 2000, p. 330.
[11] SHEDD, Russel P. A Escatologia do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1991.
[12] Champlin, p. 246.
[13] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p. 642.
[14] GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 969

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